A Açúcar Guarani vai tirar o "açúcar" do nome e se transformar em breve em Guarani S.A. O processo de mudança já foi iniciado e está em linha com a estratégia da companhia de se tornar também uma grande produtora de energia. Neste trimestre, a companhia, que faturou R$ 1,35 bilhão na safra 2009/10, deu início à construção de uma usina de etanol que será acoplada à unidade açucareira São José, localizada em Colina (SP).
O projeto, que receberá investimentos de R$ 30 milhões e deve começar a funcionar na próxima safra, resultará em uma produção de etanol de 100 milhões de litros e elevará o mix alcooleiro da companhia dos atuais 38% para 45%, diz Jacyr Costa Filho, CEO da empresa. Ele explica que a estratégia, acertada com seus acionistas, inclusive com a Petrobras, visa dar mais flexibilidade de produção à empresa, tradicionalmente açucareira, para que a Guarani consiga captar no mercado as melhores oportunidades de preço, tanto de açúcar como de álcool.
A mudança do nome da companhia, que foi criada na década de 60, também visa adequar a imagem à sua estratégia de atuação, que é mais abrangente do que só a produção de açúcar, diz Costa.
Até a última safra, 62% do caldo de cana da Guarani eram destinados à produção de açúcar e os 38% restantes iam para o etanol. O foco da empresa é levar esse mix para 50%, com flexibilidade de 10 pontos percentuais para cada um dos dois produtos.
Juntamente com a destilaria, a Guarani toca um projeto para ampliar a capacidade das usinas já existentes. No total são sete unidades, todas localizadas no Estado de São Paulo, mas neste momento, duas passam por expansão: usina Mandu, de 3,5 milhões de toneladas para 4 milhões de toneladas, e a São José, de 3,2 milhões para 4 milhões de toneladas. "Com esses projetos, a capacidade instalada de moagem de cana na temporada 2012/13 será de 21,8 milhões de toneladas", calcula Costa.
Há ainda potencial para crescer 2,6 milhões de toneladas de capacidade em outras três unidades, apesar de o início desse projeto ainda não ter data marcada, diz Costa. O executivo se refere às usinas Vertente, de 1,7 milhão de toneladas para 2,5 milhões, Tanabi, de 1,7 milhão para 3 milhões de toneladas e Severínia, que pode ser ampliada dos atuais 2,5 milhões para 3 milhões de toneladas. "Essa segunda fase elevaria nossa capacidade de moagem de cana para 24,4 milhões de toneladas", contabiliza ele.
Nesta próxima temporada, a 2011/12, que começa no mês de abril, a Guarani deve processar 18,5 milhões, queda de 7,5% em relação aos quase 20 milhões de toneladas que estão sendo processados no ciclo 2010/11, em finalização. Para se ter uma ideia do avanço, na safra 2009/10, a Guarani processou 14,5 milhões de toneladas de cana.
Controlada pela multinacional francesa Tereos, que neste ano transferiu sua sede para o Brasil e agora chama-se Tereos Internacional, a Guarani se associou à Petrobras, que vai injetar nos próximos cinco anos R$ 1,6 bilhão para abocanhar 45,9% da companhia.
Até o momento, a estatal injetou R$ 682 milhões, parte utilizada na aquisição da usina Mandu e nos projetos de cogeração de energia com bagaço. Com os investimentos em curso, a companhia sairá de uma produção de 120 mil megawatts-hora por ano para 700 mil MWh até 2013 - incluindo a parceria com a Tractebel Energia feita em 2008 para produção de 180 MWh.
Os projetos, tanto de aumento da escala e da cogeração de energia, vão tornar a empresa mais competitiva, sobretudo, diante de um processo de crescimento dos custos, avalia Costa.
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